"Dispersão”, Collective Exhibition
| Museum of Cerveira - Cultural Forum V.N. Cerveira, 2007 |
Transfusion: I couldn't win myself, but I can crush me
Elastic strap, metal bands and local stones. 150 x 170 x 470 cm
DISPERSAO
was a collective exhibition that shows contemporary works from invited artists which was challenged to create pieces specifically for that place, that should start in the interpretation of Mário de Sá Carneiro portuguese poet.
My sculptural intervention brings a from this poem:

QUEDA
E eu que sou o rei de toda esta incoerência,
Eu próprio turbilhão, anseio por fixá-la
E giro até partir ... mas tudo me resvala
Em bruma e sonolência.
Se acaso em minhas mãos fica um pedaço de oiro,
Volve-se logo falso ... ao longe o arremesso...
Eu morro de desdém em frente dum tesoiro,
Morro á mingua, de excesso.

Alteio-me na cor à força de quebranto,
Estendo os braços de alma – e nem um espasmo venço!...

Peneiro-me na sombra – em nada me condenso...
Agonias de luz eu viro ainda entanto.

Não me pude vencer, mas posso-me esmagar,
vencer às vezes é o mesmo que tombar –
e como inda sou luz, num grande retrocesso,
em raivas ideais ascendo até ao fim:
olho do alto o gelo, ao gelo me arremesso ...

Tombei ....
E fico só esmagado sobre mim !...
MARIO DE SÀ CARNEIRO (1890-1916)
Mário de Sá-Carneiro foi um poeta e ficcionista português, um dos grandes expoentes do modernismo em Portugal e um dos mais reputados membros da Geração d’Orpheu.

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